sábado, 13 de novembro de 2010

5

Até ao dia da revelação nada fazia prever que Nacho fosse ter uma reacção violenta, mas ele guardava todos os trunfos dentro da sua cabeça, o que já atingia proporções gigantescas, mas para evitar problemas tinha um bloco de notas onde ia apontando todas as revelações feitas por quem passasse e abrisse a boca, esperando um broche ou apenas para se confessar de alguma maldade ilusória, provocada por alguma dose de droga quase no ponto da overdose.

Mas naquele Domingo de chuva, enquanto Ramona o comia, chupando-lhe os tomates quase até os arrancar, Nacho ia sorrindo para dentro pensando na filha do presidente da Câmara e de como lhe apetecia saltar-lhe para cima. Qual depravado sem vergonha deu uma palmada no rabo de Ramona, porque alguém tinha que pagar por aqueles pensamentos sujos.

Sem o prever a polícia entrou em casa. Vinham uns quantos guardas e um oficial vestido à paisana, era Mocho, o marido de Ramona. Nacho surpreendido afastou com graciosidade Ramona dos seus tomates e socou-a assim que se viu a salvo. A peruana deu um berro e Mocho fechou a porta.
               
                Cinco minuto depois de um silêncio estranho o guarda Elizeu bateu à porta. Como se não ouvisse barulho abriu e viu Ramona ensanduichada entre os dois. A peruana pediu-lhe silêncio e que entrasse fechando a portas. Elizeu excitado deu indicações aos colegas para regressarem à esquadra que depois levava o relatório e entrou ocupando a boca de Ramona para que ela não gemesse. Assim como que por milagre Nacho que se ocupava da rata de Ramona veio-se com uma violência desmesurada, enquanto os outros dois homens se desunhavam com o que estava disponível na insaciável mulher.

Nove meses depois nasceu Nachito, com uns olhos em tudo iguais a Nacho. Mocho começou a tomar hormonas para mudar de sexo e anunciou o casamento com o seu homem, Elizeu que desde aquele dia tinha descoberto a mulher da sua vida no corpo de Mocho e o convencera que com os seus cozinhados e sem pirilau ele ficava muito melhor.

               Ramona divorciou-se em tempo recorde e casou-se com Nacho que virara pop star, com contrato assinado com uma multinacional e vídeos picantes na internet que lhe davam em definitivo a fama de garanhão que lhe permitia comer as chavalas todas do bairro!

domingo, 7 de novembro de 2010

4


O infinito por vezes habitava a mente algo confusa de Nacho. Sobretudo quando aquela chinesa, sem curvas que a distinguissem de um homem feio lhe oferecia perfumes baratos, vindos de um qualquer recanto sujo povoado de chinocas onde Nacho se sentia sempre perdido e sem apetite.

Dava-lhe sempre aversão tudo o que tivesse origem em chineses, os de carne e osso, que aquelas tretas baratas que vendem nas lojas ditas chinesas sempre dão jeito, mesmo que apenas tenham a utilidade igual ao papel com que se limpa o cu, pelo menos nas sociedades ocidentais.

Mas voltando ao infinito na mente de Nacho, esse pressuposto fazia-o sorrir sobretudo quando se lembrava dos beijos sentimentais que Ramona lhe dedicava ao berimbau, chupando-lhe a gosto as agruras de alguns anos sem molhar o pau onde ele devia ser molhado. Tudo lhe soava deliciosamente badalhoco quando pensava na peruana completamente húmida em prazer desvairado e a encornar o marido à força toda sem que este porventura desconfiasse de alguma coisa.

Entretanto num bar onde se encontrava com alguns espanhóis seus amigos, aparecia sempre um homossexual novo que se gabava de ter ido para a cama com o guru mariconço lá da zona. E Nacho falava baixo, talvez com a vergonha de gostar de mulheres, algo cada vez menos natural num mundo de extremadas liberdades em que o normal deixara de ser o usual. Constava que Ramona também gostava de chupar a pita a uma amiga, mas a má lingua apenas provinha de El Fernandez que queria comer o homem das  mulheres apenas para provar que nada lhe escapava.

E cada vez se serviam mais pollas sentimentais, o negócio prosperava, o que satisfazia Nacho que começava a receber propostas, inclusivé da mulher do presidente da câmara, uma loura platinada, bastante atraente no alto dos seus 43 anos que detinha enorme influência no meio empresarial da vila com pretensões a centro de um qualquer mundo diferente do planeta Terra. Nacho sentia-se um homem feliz, mas a vontade de fugir, proventura de se escapar para outra dimensão também não o abandonavam.

3


Não, a confusão instala-se numa cabeça quando as consultas de terapia familiar estão vazias e é Nacho que leva com as agruras familiares das senhoras insatisfeitas. Querem algo mais que porrada, que os gritos dos maridos que dão uso ao cinto para outras coisas que não apertar as calças.

Torna-se estranha a quantidade de mulheres casadas que lhe aparecem na pastelaria, que pedem sempre o mesmo tipo de pastel, o café a solo e tem que ser sempre Nacho a servi-las. O dono da pastelaria até deu um novo nome ao pastel, em tom de escárnio e mal dizer: polla sentimental. Diria que Ramona, escondida se poria a pensar em liquidar, uma por uma, as donas de casa descontentes dos maridos que apenas as fodem bem com o cinto.

Uma certa manhã Nacho resolveu não ir trabalhar, e pôs-se a caminho da cidade contígua, sem sequer pensar que o ganha pão que o manteria a são e salvo da crise instalada no mundo o pudesse fazer ser expulso daquela profunda frustração que era conviver com aquela gente que nem identidade cultural tinha.

Sacou do abono para fora das calças, e masturbou-se, enquanto um cão o observava com ar de poucos amigos, ainda assim sujou as mãos do esperma que estava sempre a mais dentro do seu corpo. Limpou as mãos num charco que passava ali perto e sorriu, sempre podia voltar para trás e amenizar a angústia do seu chefe, um homossexual brasileiro que era gozado pelo sotaque exótico. Nacho punha-se a pensar que as mulheres tinham razão em manter aquele ar de zombies perdidas, em busca de um naco de carne, algo duro que gostasse mais de penetrar do que ser penetrado.

Ramona, encontrou-se com uma moldava alta, loura e com olheiras profundas, ou talvez olhos negros da porrada que levava e abriu-lhe o pescoço com uma navalha de ponta e mola que trazia consigo. A eslava, grande como o caraças nem teve tempo para reagir e a morena, sentiu-se bem, cada vez mais perto do seu amor. Ao longe passavam alguns polícias que multavam um carro ao acaso que até nem incomodava por aí além. E depois chamou uma ambulância e ajeitando as tetas gigantescas sorriu e pôs-se a andar dali para fora.

Nacho sorria apesar de sentir as cuecas molhadas e algumas adolescentes de mini saia lançavam-lhe olhares lascivos que ele fazia por ignorar, até porque uma delas era filha de Ramona.

E do nada apareceram cinco tipos de polícia diferentes, ambulâncias e bombeiros e as vizinhas, gatos, mouros e a puta que os pariu a todos enquanto a moldava lançava golfadas de sangue pela garganta, pareciam não ter fim. Seria a moldava uma vampira?