segunda-feira, 6 de setembro de 2010

capítulo 2 - Ismael



Ismael, um gajo bem parecido, com quase dois metros de altura, Padre.


Sabe-se de fonte segura que é pai de quatro ou cinco. Que o confessionário parecia uma romaria de raparigas bonitas com decotes generosos a confessar os seus pecados. Tinha a lata de contar tudo, 'elas gemem', despindo a alma de preconceitos, loucas de excitação com Ismael. Um homem assim não consegue ser de ferro e entre a entrega a Deus pela eternidade e saciar as fraquezas da carne, nunca se esqueceu da carne, Deus devia ter algo melhor com que se ocupar. E a carne foi sempre saciada. Dizia ele, que era dos olhos azuis e do cabelo loiro, tinha uma voz rouca e para além disso fazia musculação. Padre? Sim era Padre, mas acima de tudo encarava a sua própria satisfação como uma verdadeira missão divina.

O Ismael, é filho de pais judeus, pessoas demasiado liberais, de mente bem aberta. Mas desde muito novo encantou-se com a doutrina cristã, com os ritos católicos, cedo se deixou fascinar pela entrega a Deus, sobretudo pela época dos autos-de-fé, era poderosa para ele a ideia de se entregar a um ser espiritual que tudo comandava, absorver todo o seus conhecimento e correr lado a lado no seu trono. 

Conta-se que uma vez, no meio de uma briga, conseguiu acabar com uma querela pela via do diálogo, pela via da persuasão. Tinha doze anos, um Q.I. de 350 e convenceu os pais a inscreverem-no num seminário. A mãe desgostosa, pensou que tinha errado na educação, que ele ia ser violado nos seminários e que nunca seria avó na vida. 

O pai, esse não achou piada ao facto de um judeu querer professar as homilias da igreja católica, de sequer sonhar em dar missas doutra religião. Quase que desabou o bom senso criando-se condições favoráveis para o Armagedão naquele apartamento no topo de uma colina. Ismael tinha uma qualquer fórmula secreta pronta para poder conrtetizar os seus desejos, levava sempre a sua avante. 

Da mesma forma que discutiam, acabavam sempre por entender que cada um tinha os seus credos e deixaram-no ir. Sempre foram fáceis de convencer, esse sempre foi o dom especial de Ismael.


Na véspera da ida para o seminário perdeu a virgindade tendo uma aventura amorosa com uma vizinha, amiga da mãe, trinta anos mais velha e outras ideias se lhe afloraram na mente.

A mãe ficou sempre com aquela ideia que ele era gay, que tinha ido para o seminário e que os mais velhos o iam violar, tinha lido isso em livros, tinha visto uns filmes que falavam do assunto. Puro engano. Com dezasseis anos redescobriu os prazeres da carne feminina, logo após ter sido ordenado o padre mais jovem da história, sendo inclusive, recebido pelo Papa, a par de todas as diatribes do jovem sacerdote.


Começou naquilo que descobriu ser a sua melhor vocação, tendo relações sexuais diárias com algumas senhoras casadas que deliravam com a conversa dele. Um autêntico garanhão, que depois se penitenciava lendo o Livro do Apocalipse, de longe o seu preferido. Ao contrário das chicotadas que dizia que dava em si próprio, ria-se para dentro desafiando o Deus da religião que professava, tudo não passava de aparência, mesmo o que estava atrás da fachada da entrega a Deus. Com Ismael tudo tinha um segundo sentido e nem sempre era o mais óbvio.


- Dizei-me menina o que vos traz aqui
- Padre o senhor.... aiiii.... aiiii.... hmmmm....
- É pecado, é pecado
- Pequei, pequei
- Tende juízo, rezai... ai tapai vossos peitos formosos, tão belos!
- Ó senhor Padre eu sonho consigo, é pecado e o meu marido desconfia...
- Tapai-vos que estou a perder a respiração, ai! Rezai vários... ufff que calor! Vinde ter comigo aos meus aposentos, sede discreta...

E um dia tudo se desmoronou. Ou talvez não...

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