domingo, 17 de outubro de 2010

capítulo 11 - Ismael o traidor

24 de Abril, o dia de todos os retrocessos, após terem posto Bondini a dormir, Ismael parou de correr 

- Esse merdas já está a dormir?

e tomou o comando das operações. Com a sua púdica figura, falsificada por motivos reles de poder, pode, por fim, mostrar-se à sociedade como o verdadeiro salvador, um verdadeiro camaleão sem limites na ansia pelo poder.

- Senhores telespectadores - baaaaaannnng! - o apresentador caiu redondo no chão

- Boa noite! - Ismael sentou-se no lugar do apresentador do Jornal da Noite - começou uma nova era! Lisboa foi tomada e em breve todos os devassos vão ser expulsos deste país. Acabou-se a falsa liberdade! 

Ainda com a pistola a fumegar, viu-se um rasto de sangue, o apresentador a ser arrastado pelos capangas de Ismael.

Aguardava-se com ansiedade para saber quem era aquele homem sinistro... que se escondeu na pele de cordeiro durante tanto tempo aos olhos dos que o amavam, e os amigos amavam-no como a um irmão.

- Durante alguns anos pude recolher os dados suficientes que me permitem escolher quem merece ou não viver. Assim sendo estão em campo todos os agentes necessários para impôr a ordem necessária ao novo estado de coisas. 

Do outro lado do ecrã, quem o ia reconhecendo abria a boca de espanto...

- Mas... mas... ele é judeu! Como é possível... 

A sua mãe, já cega e surda, passava os dias a chorar convicta da homossexualidade do filho, só assim se entendia que ele tivesse ido para padre! Nem imaginava o que pudesse estar a acontecer. O pai, esse estava no Túnel do Rossio, dois dias após nova reabertura ao público, morreu após vários dias debaixo dos destroços.

- Todavia, meu caros concidadãos... quem renegar o seu passado e acusar os traidores, facilitando o nosso trabalho, limpando a miséria que grassa neste país! Terá o seu futuro garantido! - de seguida entoou uma música tribal, plena de motivos fascizantes e proclamou-o como o novo hino de Portugal.

Ismael na ansia de poder total, tinha-se introduzido nos meandros da Igreja, ganhando muita influência e o silêncio de alguns membros do clero menos incautos, apesar de extremamente poderosos na hierarquia que chegava ao Vaticano. Era uma espécie de assassino a soldo com carta branca para o extermínio de tudo o que se movesse contra o poder que se pretendia instituir. 

- Senhor Ministro, Lisboa é nossa, tenho conhecimento que Madrid também foi tomada pelos nossos comandos e o povo está absolutamente desorientado.

- Perfeito Ismael.. é pena esse teu sangue de porco judeu - e pegou numa arma branca - preparando-se para a introduzir no peito de Ismael

Este enfurecia-se quando alguém o chamava de porco judeu e o Ministro pensava isso, porque se julgava de alguma raça superior.

Inesperadamente a luz apagou-se. Ouviram-se alguns gritos. Quando a luz voltou, o Ministro jazia morto e a sua cabeça havia desaparecido. De Ismael nem o mais pequeno rasto.

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